Origem Da Palavra Mosaico

Origem e Evolução do Mosaico: Um Passado Rico em Arte e Inspiração

 

A palavra "mosaico" tem suas raízes no grego antigo, derivada de "mousaikón", que significa "obra das musas" ou "relativo às musas". Assim como a música, o mosaico foi associado às musas devido à sua natureza bela e especial, servindo como fonte de inspiração. Embora seu nome remonte à época greco-romana, não se sabe ao certo como era chamado pelos povos anteriores, como os egípcios.

 

O mosaico é uma técnica artística descrita pelos arqueólogos como um conjunto de pequenos elementos, conhecidos como tesselas, que são geralmente feitos de pedra, mármore, vidro, cerâmica ou esmalte vitrificado. Essas tesselas são unidas por um ligante para formar um revestimento em uma superfície plana ou curva.

 

A diversidade de materiais utilizados no mosaico é impressionante. Pessoalmente, como Leonardo Posenato, trabalho com pedras, cerâmicas, porcelanas e até mesmo pedras semipreciosas. Graças aos avanços tecnológicos, temos à nossa disposição ligantes de alto desempenho, o que nos permite criar mosaicos duráveis e transportá-los para longas distâncias. Quanto à base onde são aplicados, é necessário utilizar sabedoria ao combinar materiais, pois o mosaico carrega consigo o compromisso histórico e arqueológico de alta durabilidade.

 

Os registros mais antigos de mosaicos remontam a 3500 a.C., na cidade de Ur, na antiga Mesopotâmia (atual região do Iraque). O "Estandarte de Ur" é considerado o primeiro mosaico da humanidade, consistindo em dois painéis retangulares feitos de madrepérola, arenito e lápis-lazúli. Uma face retrata o imperador e sua corte celebrando um período de paz enquanto desfrutam de vinho, enquanto a outra face mostra a frieza e brutalidade da guerra, com imagens de cavalos e inimigos sendo derrotados.

 

Mais adiante, em 2700 a.C., podemos ver o mosaico nas paredes da pirâmide de Djóser, com um belo mosaico abstrato de vidro, ainda com muitos campos para interpretações e suposições.

 

No Egito Antigo, os mosaicos também eram amplamente utilizados, porém, infelizmente, poucos exemplos sobreviveram devido à fragilidade dos materiais utilizados.

 

Durante a era grega, um dos mosaicos mais famosos é "A Batalha de Issos", que retrata a vitória de Alexandre, o Grande, sobre Dario, o rei dos persas, em uma manobra militar notável. Embora esse mosaico seja de origem grega, foi descoberto em Pompéia, cidade soterrada pelas cinzas vulcânicas e redescoberta no século XVIII. Curiosamente, essa obra estava em uma casa habitada por um general do exército romano, provavelmente trazida como espólio de guerra da Grécia. Atualmente, encontra-se no Museu Nacional de Nápoles.

 

Na Roma Antiga, os mosaicos se tornaram uma forma de arte amplamente utilizada em locais como as termas de Caracala, o Fórum Romano e a Basílica de Aquileia, um importante centro eclesiástico católico apostólico romano.

 

Durante o período bizantino, os mosaicos de Ravenna ganharam destaque, adornando basílicas como Santo Apolinário in Classe, Santo Apolinário Novo, San Vitale e o Mausoléu de Gala Placidia. Em Istambul, a Basílica de Santa Sofia também é conhecida por seus magníficos mosaicos.

 

Na época barroca, destacam-se os mosaicos presentes na Ópera de Paris, projetada pelo arquiteto Charles Garnier, e as obras realizadas por Gian Domenico Facchina, precursor da escola de mosaico na qual tive a oportunidade de estudar na Itália. Durante esse período, mosaicos também foram incorporados à Catedral de Buenos Aires e ao Teatro Colón.

 

Hoje em dia, a arte do mosaico continua a surpreender-nos com sua diversidade de materiais e técnicas, sendo frequentemente utilizada em templos e espaços públicos. Meu ateliê ganhou destaque no Brasil, especialmente por meio de obras públicas, como os pilares da estação de trem Petrobras no Rio Grande do Sul, fachadas de igrejas em todo o país e painéis em universidades, incluindo o famoso Pharmacopolium que está na UFCSPA, entre outros projetos. O fato de o mosaico ser uma técnica milenar ainda presente em nossa vida cotidiana se deve à sua durabilidade e singular beleza, habilidades que as musas nos concederam e que continuam a nos inspirar.

 

Referências:

 

Henri Lavagne, "Il mosaico attraverso i secoli" - Longo Editore - Ravenna

Imagens da Piazza Armerina: www.piazza-armerina.it

Estandarte de Ur - Primeiro mosaico da humanidade
 

 

 

Mosaico painel na pirâmide de Djóser - 2700 a.C.
 

 

Musas da Piazza Armerina - Sicília
 

 

Musas da Piazza Armerina - Sicília
 

 

Batalha de Issus - Alexandre contra Dário